Ficar apenas duas semanas sem acesso à internet no celular já é suficiente para melhorar significativamente a atenção, a memória e a saúde mental. É o que mostra um estudo baseado na edição de 2022 do Canadian Internet Use Survey (CIUS), com mais de 400 adultos. A simples restrição ao uso da internet móvel trouxe ganhos cognitivos notáveis e redução de sintomas como ansiedade e depressão.
O impacto do uso excessivo do celular
Especialistas em saúde mental e neurociência vêm alertando sobre os riscos do uso excessivo de smartphones e redes sociais. Entre os prejuízos observados estão a perda de atenção sustentada, dificuldades de memória, queda na resiliência emocional e impactos negativos nas relações interpessoais.
Rejuvenescimento mental de 10 anos
Segundo os pesquisadores, os participantes que ficaram duas semanas sem internet móvel tiveram ganhos cognitivos comparáveis a um rejuvenescimento de 10 anos em sua capacidade de atenção. Para a pesquisa, foi desenvolvido um aplicativo que bloqueava a internet no celular, mantendo apenas chamadas e mensagens de texto. O uso de internet em notebooks e tablets foi permitido.
Como foi feito o experimento
Os voluntários foram divididos em dois grupos, que se revezaram no período de bloqueio. Durante a pesquisa, foram avaliados indicadores como atenção, sintomas de depressão e ansiedade, raiva, traços de personalidade e bem-estar geral.
Resultados surpreendentes
Os dados revelam que 91% dos participantes apresentaram melhora em pelo menos um dos aspectos avaliados. Houve aumento expressivo na atenção sustentada, redução de sintomas de depressão e ansiedade, além de mudanças de comportamento: os participantes passaram a conviver mais socialmente, praticar exercícios e buscar o contato com a natureza. Os efeitos foram comparáveis aos da terapia cognitivo-comportamental e superiores à média de eficácia de muitos antidepressivos.
Menos tempo de tela, mais qualidade de vida
Durante o bloqueio da internet móvel, o tempo médio de uso do celular caiu quase pela metade. Em um dos grupos, a média diária passou de 314 para 161 minutos. Mesmo após o experimento, o uso do celular permaneceu 15% abaixo do que era antes.
Próximos passos da pesquisa
Os cientistas agora planejam investigar o impacto do bloqueio de aplicativos específicos, como redes sociais, e avaliar se a redução do uso de outros dispositivos — como tablets e laptops — também pode gerar benefícios semelhantes. Com informações Jornal Opcão.