O mercado de boi gordo em Mato Grosso do Sul segue com oscilações, mas com uma tendência clara de impacto futuro na oferta de bezerros, apontando para possíveis elevações nos preços. A cotação da arroba, que chegou a R$ 335,00 em novembro do ano passado, sofreu uma queda e foi mantida entre R$ 290,00 e R$ 295,00 desde fevereiro de 2025, refletindo as pressões internas e externas sobre a economia do Brasil.
De acordo com o Boletim Casa Rural, publicado pelo Sistema de Inteligência e Gestão Territorial da Bovinocultura de Corte (Sigabov), o aumento no abate de fêmeas, especialmente no primeiro bimestre de 2025, é um dos fatores que pode afetar a oferta de bezerros no futuro. Durante este período, o abate de fêmeas cresceu 24% em comparação à média dos últimos cinco anos e foi 12% superior ao mesmo período de 2024.
Carlos Guaritá, diretor da Leiloboi, leiloeira com 40 anos de experiência no Estado, aponta que a situação do mercado interno e a economia brasileira têm pressionado o consumo de carne, o que reflete diretamente na demanda e nos preços. Porém, ele observa que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China pode beneficiar a pecuária brasileira. Com a alta nas tarifas de produtos dos EUA, como carne bovina, a China tem aumentado suas compras do Brasil, o que pode ajudar a sustentar o preço da arroba.
“Os chineses pagam melhor pelos bois e novilhos, o que pode melhorar a cotação da arroba”, afirmou Guaritá.
Outro ponto de atenção para os pecuaristas é a questão dos bezerros. O aumento nos preços de vacas e novilhas no início deste ano, além do alto índice de abate de fêmeas, sugere que muitos pecuaristas estão tentando recompor seus rebanhos, o que poderia levar a uma queda na oferta de bezerros nos próximos anos. Se o abate de fêmeas continuar em alta, a pressão sobre os preços de reposição deve aumentar.
Em termos de números, o volume de animais abatidos em Mato Grosso do Sul no primeiro bimestre deste ano foi 21% maior do que a média dos últimos cinco anos, totalizando cerca de 730 mil animais. Esse volume é o maior desde 2014 e reflete uma tendência de redução da oferta de bezerros, com os pecuaristas buscando reduzir o rebanho em um momento de incertezas no mercado.
Com a reposição se tornando mais cara e a escassez de bezerros se confirmando, o mercado pode ver um aumento nos preços nos próximos meses, especialmente para quem comercializa reposição. Para os invernistas, no entanto, o aumento no custo de aquisição pode reduzir as margens de lucro, se os preços da arroba não acompanharem a alta da reposição. (Com informações Correio do Estado)