A jornalista de 37 anos, agredida pelo ex-companheiro, músico de 38 anos, retornou à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) em Campo Grande na tarde desta quinta-feira (13) para reforçar a necessidade da prisão do agressor. O crime ocorreu no dia 3 deste mês, quando o músico foi preso em flagrante, mas liberado dias depois com tornozeleira eletrônica.
Acompanhada do advogado Luiz Kevin Barbosa, a vítima relatou à polícia outras violências sofridas anteriormente, incluindo agressões psicológicas, e apresentou fotos e áudios como provas. O advogado explicou que o boletim de ocorrência foi atualizado com novas tipificações, tornando o crime mais grave, e que o caso será encaminhado ao Judiciário para novas decisões. A defesa acredita em uma possível reviravolta a partir desta quinta-feira.
O músico, faixa preta de caratê, foi solto na última terça-feira (11) com tornozeleira eletrônica e medida protetiva, mas a vítima afirma não se sentir segura. “A medida protetiva não traz segurança. Ele deveria permanecer preso até que tudo fosse analisado”, desabafou. Ela também citou o caso da amiga Vanessa Ricarte, jornalista assassinada pelo músico Caio do Nascimento em fevereiro, e destacou a necessidade de o sistema entender a gravidade das agressões contra mulheres.
Durante a entrevista coletiva, o advogado criticou a decisão judicial que permitiu ao agressor visitar a filha de 8 meses, que presenciou as agressões. “A visita é impraticável”, afirmou. Ele também contestou a alegação de legítima defesa do músico, destacando sua habilidade em artes marciais como fator agravante.
Erros no indiciamento
A Deam cometeu um erro ao indiciar o irmão da vítima no registro da ocorrência, mas o advogado esclareceu que o equívoco foi corrigido e não causou prejuízos. “Foi um erro de documentação, mas o indiciamento foi refeito no nome correto”, explicou. A delegada responsável pelo caso também atendeu Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio em fevereiro.
O músico, que alegou legítima defesa durante o interrogatório, foi liberado com base na decisão de que “apenas tentou se defender de ataques verbais e físicos”. Ele está proibido de se aproximar da jornalista, mas pode visitar a filha e deve comparecer mensalmente à Justiça para prestar contas.
A jornalista, que sofreu uma fratura no nariz durante a agressão, gravou um vídeo mostrando o sangramento e relatando o ocorrido. Ela espera que o caso sirva para alertar sobre a escalada da violência doméstica e cobrou maior atenção do sistema judiciário às vítimas. “Precisamos compreender que essa agressão não é como um assalto. Ela é escalonada e precisa ser tratada com seriedade”, concluiu.