O governo federal anunciou um pacote de medidas para reduzir os preços dos alimentos no Brasil, incluindo a decisão de zerar os impostos de importação sobre alguns produtos. No setor de carnes, a expectativa é de que o impacto seja limitado, com a possibilidade de uma redução no preço do frango caso o custo do milho, insumo essencial para a ração animal, diminua.
Especialistas da indústria destacam que o milho é o principal componente da ração para aves e suínos, e a redução no seu preço pode tornar o frango mais competitivo no mercado. "Se o valor da commodity (milho) cai, o frango fica muito competitivo e acaba até atraindo demanda que seria da carne bovina", afirmou uma fonte da indústria frigorífica. Contudo, a mesma fonte alerta que, no caso da carne bovina, o impacto seria menor, já que a maioria do gado brasileiro é criado a pasto, e a dependência do milho é limitada.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) estima que os preços das carnes podem cair nos supermercados cerca de 15 dias após a implementação das medidas. No entanto, uma fonte da indústria acredita que a zeragem de tarifas de importação não surtirá o efeito esperado, já que o Brasil já é um dos produtores mais competitivos de alimentos, inclusive de carne bovina.
Além disso, especialistas como João Figueiredo, da Datagro Pecuária, afirmam que o milho importado pelo Brasil já vem de países do Mercosul e, portanto, não será impactado pela medida. O volume de milho importado pelo Brasil é pequeno em comparação com a produção nacional, e qualquer aumento nas importações dependeria de condições econômicas específicas de outros fornecedores, como Argentina e Estados Unidos.
No mercado de carne bovina, a medida também não deverá causar grandes mudanças, já que o Brasil é um dos principais exportadores e produtores mundiais, com preços mais competitivos no mercado externo. As importações de carne bovina no Brasil, principalmente cortes nobres, são modestas, e o efeito sobre os preços internos será limitado.
No setor pesqueiro, a decisão de zerar a alíquota de importação da sardinha foi criticada pela Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), que argumenta que a medida não reduzirá os preços do produto no mercado, mas pode prejudicar a indústria nacional de conservas. A retirada de 32% de imposto de importação pode favorecer a concorrência com produtos asiáticos, prejudicando a produção local. (Com informações Globo Rural)