Cafeicultores de todo o Brasil estão em alerta devido à onda de calor que persiste até o dia 9 de março, com Minas Gerais, o maior produtor de café arábica, sofrendo as maiores consequências. O calor excessivo está afetando diretamente o processo de enchimento dos grãos, um fator crucial para a qualidade da safra.
De acordo com Marcelo Jordão, engenheiro-agrônomo e pesquisador da Fundação Procafé, o calor acima de 35ºC tem causado sérios danos às folhas, como necrose e queima da folhagem. A exposição prolongada ao calor extremo compromete a estrutura das folhas e diminui sua capacidade fotossintética, afetando o desenvolvimento da planta e a formação dos grãos.
O estresse térmico, somado ao estresse hídrico, prejudica a captação de luz pela planta, o que resulta em deformações nos frutos e, consequentemente, na perda de qualidade da safra 2025/26. Lavouras com floradas tardias, comuns neste ano devido ao atraso nas chuvas, estão mais vulneráveis, pois os grãos ainda têm um alto teor de água e podem desidratar rapidamente, aumentando o risco de imperfeições e afetando tanto o volume quanto o preço pago na hora da venda.
Por outro lado, lavouras com floradas precoces, favorecidas por chuvas antecipadas ou irrigação, estão em uma fase mais avançada de granação, o que pode ajudar a mitigar os impactos do calor. Nesses casos, a colheita pode ser antecipada.
Para reduzir os danos, Jordão sugere a intensificação de práticas de manejo integrado, como o uso de protetores solares nas lavouras, verificação dos níveis de nutrientes do solo, regulagem da adubação e irrigação. O monitoramento contínuo das lavouras é essencial para enfrentar o calor extremo.
Os produtores também estão atentos ao possível aumento dos custos com os trabalhos de campo antes da colheita, com dados mais precisos sendo esperados após março, quando o impacto completo da onda de calor poderá ser avaliado. (Com informações Globo Rural)