As 50 entidades que formam o Instituto Pensar Agropecuária (IPA), braço técnico da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em Brasília, pediram ao governo federal a antecipação das discussões sobre a construção do próximo Plano Safra 2025/26. O pedido surge em meio à recente falta de recursos para a subvenção ao crédito rural, que levou à suspensão de linhas de financiamento equalizadas.
Em carta divulgada nesta terça-feira (25/2), as entidades reforçam a importância de uma participação ativa do setor na elaboração do novo plano e exigem a garantia de que o orçamento necessário para subsidiar os financiamentos aos produtores rurais estará disponível. O texto destaca que o novo plano precisa ser alinhado às necessidades do agro brasileiro, incluindo políticas que promovam inovação, sustentabilidade e expansão de mercados. Além disso, é necessário definir diretrizes claras e assegurar recursos adequados para a continuidade e o crescimento do setor.
A crise no setor foi desencadeada pela suspensão das linhas de crédito na última quinta-feira (20/2), um movimento revertido apenas na noite seguinte, com a publicação de uma Medida Provisória que liberou R$ 4,1 bilhões para suplementar o orçamento da equalização de créditos. O episódio gerou um clima de tensão entre a FPA e o governo federal, com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, responsabilizando a FPA pelo atraso na votação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025, que causou a paralisação dos financiamentos.
Em resposta, a FPA acusa Fávaro de não manter um bom diálogo com o setor agropecuário, e o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da bancada ruralista, afirmou que o episódio revela "total desprezo" do Executivo pelo agro. No entanto, a carta das 50 entidades defende a cooperação entre governo, parlamento e as entidades representativas para a formulação de políticas públicas que fortaleçam o agronegócio brasileiro e promovam o desenvolvimento sustentável.
A suspensão das linhas de crédito, que também ocorreu em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, evidenciou a urgência de aprimoramentos estruturais para assegurar recursos adequados ao setor. As entidades reforçam a necessidade de previsibilidade e garantias para o Plano Safra, de modo a evitar incertezas que possam prejudicar a produção e impactar negativamente a economia nacional.
Para as associações, é fundamental que o volume de recursos esteja em sintonia com a importância do agronegócio para o Produto Interno Bruto (PIB) do país e para o abastecimento alimentar global. A falta de crédito ou a oferta com juros elevados comprometeria investimentos essenciais para a modernização e sustentabilidade do setor agropecuário. (Com informações Globo Rural)