A alta nos preços dos alimentos tem sido um dos principais desafios enfrentados pelos consumidores brasileiros em 2024. A cada visita ao supermercado, é notável o aumento de preços de produtos da cesta básica, especialmente aqueles que têm se tornado mais caros ao longo do ano. De acordo com dados do IBGE, a inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o ano de 2024 com uma taxa de 4,83%. Porém, dentro dessa média, os alimentos apresentaram o maior aumento.
Em 2024, o grupo de alimentos teve um crescimento de 7,69%, uma alta significativa em relação ao 1,03% registrado em 2023. Esse aumento superou outras categorias como educação, saúde, transportes e até vestuário. A elevação dos preços de itens essenciais, como carnes, café e ovos, se destacam entre os produtos mais afetados.
Fatores Climáticos e a Produção
A combinação de diversos fatores explica o aumento expressivo nos preços dos alimentos. De acordo com Felippe Serigati, pesquisador da FGV Agro, as condições climáticas adversas tiveram um impacto direto na produção agrícola. O fenômeno El Niño, que causou seca e temperaturas acima da média em várias regiões produtoras de grãos, café e cana-de-açúcar, afetou diretamente a oferta desses produtos. A seca e a escassez hídrica também prejudicaram a produção de laranja e cana-de-açúcar, o que impactou, por sua vez, a produção de suco e outros derivados.
Além disso, a florada do café também foi afetada pelas condições climáticas, o que resultou em uma oferta abaixo do esperado. Esses eventos climáticos não apenas reduziram a produção interna, mas também afetaram a competitividade do Brasil no mercado global, com países que buscaram importar produtos essenciais.
A Demanda Interna e Internacional
Outro fator importante foi o aquecimento da demanda, tanto no mercado interno quanto no externo. A procura por carne no Brasil teve grande impulso, com um aumento significativo nas exportações para países como os Estados Unidos, que enfrentam dificuldades com a redução do rebanho e escassez de mão de obra nos frigoríficos. A carne bovina brasileira, por sua vez, se beneficiou da demanda aquecida, impulsionada pela escassez em outros países produtores.
Além da carne bovina, o frango também viu um aumento em seus preços, uma vez que o Brasil conseguiu manter suas exportações durante uma crise de gripe aviária em outros países produtores. A oferta constante de frango no Brasil resultou em uma demanda externa mais forte, o que elevou os preços.
Ovo: Uma Elevação Preocupante
Recentemente, outro item que chamou a atenção foi o aumento no preço dos ovos, com reajustes de até 40% em algumas regiões do país. A baixa oferta interna, aliada ao calor excessivo que prejudicou a produtividade das aves e o aumento nos custos de produção, tem sido a principal explicação para essa elevação.
Influência do Dólar e as Expectativas para 2025
Por fim, a valorização do dólar também teve um papel importante na elevação dos preços dos alimentos, especialmente no mercado internacional. A valorização da moeda americana, influenciada por fatores políticos e fiscais nos Estados Unidos, impactou o preço de diversos produtos agropecuários, já que muitos desses itens são comercializados em dólares.
O que esperar para o futuro? De acordo com Serigati, a expectativa é que a alta nos preços dos alimentos continue em 2025, com a carne sendo uma das vilãs dessa elevação. O aumento da carne e do café, produtos que já estão mais caros nas gôndolas, deve continuar em alta, embora a safra brasileira e o clima na Ásia possam influenciar as variações nos preços nos próximos meses. (Com informações Globo Rura)