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A música brasileira perdeu uma de suas vozes mais marcantes. Lilian Knapp, cantora e compositora carioca que fez história na Jovem Guarda ao lado de Leno e brilhou com sucessos como Devolva-me e Sou Rebelde, morreu no sábado, 22 de fevereiro, aos 76 anos, vítima de um tumor agressivo na pelve. A artista estava internada há duas semanas. A notícia foi confirmada pelo marido, o baterista e produtor musical Cadu Nolla, em suas redes sociais e no perfil oficial da cantora no Instagram.
Lilian Knapp, cujo nome verdadeiro era Sílvia Lílian Barrie Knapp, nasceu em 30 de março de 1948 e iniciou sua carreira em 1965, ao lado do cantor e compositor potiguar Gileno Osório Wanderley de Azevedo, conhecido como Leno. Juntos, formaram a dupla Leno & Lilian, que se tornou um dos símbolos da Jovem Guarda, movimento musical que revolucionou a cultura brasileira nos anos 1960.
Em março de 1966, a dupla lançou o single que traria seus maiores sucessos: Devolva-me e Pobre Menina. A primeira, uma canção tristonha de autoria de Lilian e Leno, ganharia nova vida em 2000, quando Adriana Calcanhotto regravou a música e a levou ao Troféu Imprensa na categoria Música do Ano. Já Pobre Menina era uma versão em português de Hang on Sloopy, sucesso da banda norte-americana The McCoys.
A dupla ainda emplacaria outro hit em 1967 com Coisinha Estúpida, versão de Something Stupid, originalmente interpretada por Frank Sinatra e Nancy Sinatra. No entanto, após um período de grande sucesso, Leno & Lilian se separaram no final dos anos 1960. A dupla voltaria a se reunir em 1972, com produção de Raul Seixas, mas a segunda fase não alcançou o mesmo impacto da primeira.
O auge solo com "Sou Rebelde"
Lilian Knapp ressurgiu com força total em 1978, quando gravou Sou Rebelde, versão em português de Soy Rebelde, canção espanhola lançada por Jeanette em 1971. A letra em português foi escrita por ninguém menos que Paulo Coelho, e o sucesso foi tão grande que a RCA Victor investiu no primeiro álbum solo da cantora, lançado em 1979.
Apesar de não repetir o estrondoso sucesso de Sou Rebelde, o álbum consolidou Lilian como uma artista solo de destaque. Nos anos seguintes, a cantora lançou outros singles e participou de projetos musicais, mas foi na década de 1990 que retomou sua carreira fonográfica com mais força, lançando álbuns como Lilian (1992) e Lilian Knapp (2001).
Legado e memória afetiva
Lilian Knapp deixa um legado que atravessa gerações. Sua voz doce e emotiva eternizou canções que fazem parte da memória afetiva de quem viveu os anos 1960 e 1970. Além disso, sua trajetória é um testemunho da riqueza e da diversidade da música popular brasileira, passando pela Jovem Guarda, pelo romantismo dos anos 1970 e por experimentações mais recentes, como o projeto de rock underground Kynna, em parceria com o marido Cadu Nolla e o guitarrista Luiz Carlini.
A morte de Lilian Knapp encerra um capítulo importante da música brasileira, mas sua obra permanece viva, ecoando em canções que continuam a tocar o coração de milhões de fãs.
