O café, uma das bebidas mais consumidas no Brasil, se tornou um dos principais vilões da inflação alimentar neste ano. Em 2024, o preço do grão aumentou 46% nas prateleiras do varejo, impactando diretamente o bolso do consumidor brasileiro. De acordo com o IPCA-15, indicador do IBGE, o preço do café subiu 7,07% entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, um dos maiores aumentos, ao lado do tomate. Esse aumento é uma combinação de vários fatores, que começam muito antes de chegar aos supermercados: problemas climáticos nas lavouras, a alta demanda de exportação e a desvalorização do real frente ao dólar.
A seca prolongada nas regiões produtoras tem afetado a quantidade de café disponível no mercado, com falta de chuvas durante o desenvolvimento das lavouras. Para contornar esses problemas, muitos produtores precisaram adotar técnicas mais caras para manter as plantações e combater pragas que se proliferam com o calor intenso. O impacto é um estoque reduzido e, consequentemente, o aumento dos custos de produção, o que reflete diretamente no preço final do produto.
Outro fator que contribuiu para o aumento do preço do café foi a alta nas exportações. No final de 2024, o Brasil exportou 3,8 milhões de sacas de café em dezembro, e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) registrou um volume recorde de 50,44 milhões de sacas ao longo do ano. Com esse aumento nas exportações e a demanda crescente, o mercado internacional também viu a cotação do café arábica atingir níveis históricos, influenciando as cotações internas.
Em relação ao preço do café arábica, que é o tipo mais consumido no país, a saca de 60 quilos passou a ser cotada acima dos R$ 2.500, e os preços continuam em alta. No início de fevereiro de 2025, o valor da saca de café chegou a R$ 2.560,36, o que representa um aumento de mais de 2% em relação ao mês anterior.
Além disso, a escassez de café em outros países produtores, como Vietnã e Indonésia, que também enfrentaram problemas climáticos, contribuiu ainda mais para a escassez global e o aumento dos preços. Com isso, os contratos internacionais de café chegaram a dobrar de preço em um ano, alcançando a máxima histórica de US$ 3,97 a libra-peso na bolsa de Nova York.
Os especialistas apontam que o aumento no consumo de café, combinado com as condições climáticas desfavoráveis, resultou em um cenário desafiador para o setor. A tendência é que os preços continuem subindo, refletindo no orçamento do consumidor, que já sente o impacto da alta da bebida nas gôndolas dos supermercados.
A alta do café tem gerado preocupação entre os brasileiros, que estão vendo o custo de vida aumentar, especialmente em relação à cesta básica. Para o governo, esse aumento nos preços dos alimentos é uma preocupação constante, sendo objeto de discussões sobre possíveis soluções para aliviar a carga no bolso do trabalhador. (Com informações Globo Rural)