Brasil pode ter matriz elétrica mais poluente até 2034, aponta relatório

Embora o Brasil tenha se comprometido a reduzir o uso de combustíveis fósseis para combater as mudanças climáticas, projeções do setor elétrico indicam um futuro menos sustentável. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, as emissões de dióxido de carbono equivalente (CO2eq) pela geração de energia podem aumentar 84% até 2034, atingindo 26,9 milhões de toneladas.

O crescimento está relacionado à expansão compulsória de termelétricas a gás natural prevista na legislação, especialmente pela privatização da Eletrobras em 2021. Apesar de representar apenas 6% da matriz elétrica atual, o gás natural deve quadruplicar sua participação na próxima década. Essa mudança reduziria o índice de renovabilidade da matriz elétrica de 94% para 89%, enquanto o restante do mundo segue ampliando o uso de fontes renováveis.

A EPE propôs um cenário alternativo, priorizando usinas renováveis e termelétricas flexíveis, que operam apenas em momentos críticos, como períodos de seca. Nessa hipótese, as emissões cairiam para 14,5 milhões de toneladas de CO2eq, uma redução de 46% em relação ao cenário principal. Entretanto, o Congresso Nacional sinaliza apoio à expansão das usinas inflexíveis, aprovando medidas que viabilizam 4.000 MW adicionais.

O Ministério do Meio Ambiente criticou as decisões recentes como um "retrocesso ambiental, econômico e político", destacando que o modelo proposto contraria esforços globais, como o Acordo de Paris. Especialistas alertam que, embora o gás natural seja uma opção menos poluente que carvão ou diesel, sua implementação deve ser estratégica para garantir segurança energética e reduzir custos no setor industrial.