A Coreia do Sul vive uma reviravolta política com a declaração de lei marcial de emergência pelo presidente Yoon Suk Yeol nesta terça-feira (3). Horas após o anúncio, o Chefe do Estado-Maior do Exército, General Park An-su, confirmou que todas as atividades políticas, incluindo protestos e reuniões partidárias, estão suspensas no país. O decreto, segundo Park, visa proteger a "democracia livre" e a segurança pública contra "forças antiestatais".
A medida também impõe o controle de todos os meios de comunicação e editoras, além de obrigar médicos em greve a retornarem ao trabalho em até 48 horas. "Atos que neguem a democracia ou promovam subversão são proibidos. Aqueles que desobedecerem podem ser presos ou revistados sem mandado", declarou Park, ressaltando que a supervisão das questões administrativas e legais passará ao comando militar sob a coordenação direta do presidente.
O anúncio gerou forte resistência política. Han Dong-hoon, líder do partido governista Poder Popular, classificou a decisão como "um erro que será combatido junto ao povo". Na oposição, Lee Jae-myung, ex-candidato presidencial, denunciou a medida como "ilegal e inconstitucional". Imagens nas redes sociais mostram soldados bloqueando o acesso à Assembleia Nacional, que deve ratificar a lei marcial, mas permanece fechada.
Essa é a primeira vez desde 1980 que a Coreia do Sul adota a lei marcial, decisão que restringe direitos civis e transfere poderes à autoridade militar. O presidente Yoon justificou a ação como necessária para proteger o país de "forças opositoras alinhadas à Coreia do Norte". Contudo, a iniciativa ocorre em um momento de baixa popularidade do governo, agravada pela rejeição do orçamento no parlamento e tentativas de impeachment contra aliados de Yoon.
Analistas políticos destacam o impacto dessa decisão no cenário internacional e interno. A declaração de lei marcial coloca a Coreia do Sul em um estado de alerta sem precedentes nas últimas décadas, acirrando a polarização política e levantando preocupações sobre o futuro da democracia no país.