A estrada de terra marcada pela placa “Aldeia Pirakuá a 16km” conduz não apenas à comunidade indígena localizada entre Antônio João e Bela Vista, mas também a um espaço onde sonhos começam a se materializar. Foi lá que, entre os dias 18 e 23 de novembro, 25 indígenas guarani e kaiowá participaram da segunda edição do Empretec Indígena, programa promovido pelo Sebrae em parceria com o Governo do Estado.
Homens e mulheres de diferentes idades lotaram a sala de aula, transformada em um laboratório de empreendedorismo. Durante o seminário, eles esboçaram planos de negócios que deram vida a seis novas empresas, incluindo marmitaria, mercearia, peixaria, frutaria e um comércio de mel. As ideias ganharam estrutura, enquanto os participantes se fortaleciam emocionalmente para enxergarem a si mesmos como empreendedores.
Francisco Júnior, facilitador do Empretec, destacou a força produtiva da comunidade e o impacto positivo do programa. “Eles têm uma terra muito fértil e uma enorme vontade de transformar isso em oportunidades. Com o seminário, conseguimos mudar atitudes e reforçar a confiança no potencial deles”, afirmou.
A metodologia, desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e adaptada pelo Sebrae para o Brasil, é ajustada conforme as especificidades de cada etnia. Para Francisco, que também aplicou a formação aos indígenas Ofaié em Brasilândia, a proposta não é oferecer assistencialismo, mas condições para que as comunidades utilizem de forma sustentável os recursos naturais disponíveis.
O Empretec Indígena nasceu em Mato Grosso do Sul, estado que abriga oito etnias distintas – Atikum, Guarani-Kaiowá, Guarani-Nhandeva, Guató, Kadiwéu, Kinikinau, Ofaié e Terena. Cada edição reafirma a riqueza cultural e o potencial empreendedor desses povos, que encontram no programa um caminho para unir tradição e desenvolvimento econômico.