Impacto da Pandemia: Orfandade no Estado de MS atinge 599 crianças e adolescentes anualmente

Desde 2021, Mato Grosso do Sul registra uma média anual de 599 crianças e adolescentes, com até 17 anos, que ficam órfãos de pelo menos um dos pais. Um levantamento recente dos Cartórios de Registro Civil aponta que a pandemia de covid-19, iniciada em 2021, foi responsável por cerca de 1/3 desses casos. Em um total de 546 órfãos em 2021, aproximadamente 176 perderam os pais devido à doença.

Em Campo Grande, o cenário é igualmente alarmante: a cada ano, 147 crianças e adolescentes são afetados pela perda de um dos pais, com a pandemia também sendo a principal causa dessa triste estatística. De 133 órfãos registrados no município em 2021, 46 perderam seus pais para a covid-19.

O estudo, que cobre o período de 2021 a 2022, foi realizado através do cruzamento de dados dos CPFs dos pais falecidos com os registros de nascimento das crianças. Até 2019, a inclusão do CPF dos pais no registro de nascimento não era obrigatória, o que dificultava a coleta de dados. A partir de 2021, os registros passaram a ser mais detalhados, permitindo a geração de estatísticas precisas.

Marcus Roza, presidente da Arpen-MS (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais de Mato Grosso do Sul), destacou a importância desses dados para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para os órfãos. “É fundamental que o poder público tenha acesso a esses números para planejar e executar medidas de proteção e acolhimento, especialmente no contexto da pandemia de covid-19”, afirmou Roza.

Os números de órfãos têm mostrado um aumento constante. Em 2022, foram registrados 550 órfãos, enquanto em 2023 o número subiu para 632. Em 2024, até outubro, o total já chega a 670, superando o recorde do ano passado. Apesar disso, o número de crianças que perderam ambos os pais é menor, com 13 casos registrados em 2021 e 9 até outubro de 2024.

Esses dados, que também abrangem Campo Grande, refletem um desafio crescente, exigindo atenção e ação das autoridades para oferecer apoio adequado às crianças e adolescentes que enfrentam a perda dos pais.