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Como a vitória de Trump afeta o agro brasileiro?

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Entenda os impactos da vitória de Trump para o agronegócio brasileiro — Foto: Globo Rural Por: Editorial | 06/11/2024 15:41

A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos pode impactar diretamente o agronegócio brasileiro, especialmente com a possibilidade de uma intensificação do protecionismo e das relações comerciais bilaterais. Durante seu primeiro mandato, a guerra comercial entre os EUA e a China favoreceu as exportações agropecuárias brasileiras, que ocuparam o espaço deixado pelos produtos americanos devido às tarifas impostas. No entanto, especialistas alertam que a margem de crescimento dessas exportações será limitada nos próximos anos.

De acordo com o embaixador Rubens Barbosa, ex-chefe da missão diplomática do Brasil em Londres e Washington, o Brasil já exporta 37% de seus produtos agrícolas para a China, e um aumento significativo nas vendas seria marginal. “Outros países também vão se beneficiar dessa demanda”, afirmou. Durante a gestão Trump (2017-2021), as exportações brasileiras ao país asiático cresceram 20% ao ano, especialmente após a redução das exportações dos EUA devido às tarifas comerciais.

Atualmente, o Brasil exporta mais para a China do que os Estados Unidos, com receitas anuais de US$ 63 bilhões contra US$ 35 bilhões exportados pelos americanos. Marcos Jank, coordenador do centro Insper Agro Global, destacou que o Brasil tem substituído os EUA na oferta de soja, milho, carnes e outros produtos agropecuários. No entanto, ele alerta que, caso Trump decida retomar o aumento das tarifas contra a China, o Brasil poderá ganhar mercados adicionais na Ásia, mas também enfrentará a perda de outros mercados ao redor do mundo.

A principal preocupação para especialistas como Jank é a possível "espiral protecionista", que pode resultar em um retrocesso nas relações comerciais multilaterais. Para ele, a volta de Trump à Casa Branca pode aprofundar uma política focada em tarifas, comércio bilateral e uma visão mais isolacionista, o que seria prejudicial para o comércio global. "A espiral protecionista é ruim para todos", afirmou.

Além disso, a administração Trump também pode impactar a geopolítica mundial. Sua promessa de reduzir o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia pode facilitar o comércio de produtos russos, como petróleo e trigo, com o Brasil, mas esse efeito deve ser limitado, segundo o embaixador Rubens Barbosa. No entanto, ele não acredita que Trump cortará o apoio à Ucrânia de imediato.

Outro fator que pode afetar negativamente o Brasil é o impacto de políticas econômicas internas dos EUA, como o aumento de tarifas, que resultaria em inflação nos Estados Unidos e pode elevar as taxas de juros no Brasil, afetando negativamente a economia local. Barbosa também alerta para a possível perda de espaço no campo das energias renováveis, devido ao negacionismo de Trump em relação às mudanças climáticas. "A agenda ambiental pode enfraquecer", disse Jank, lembrando que a priorização de combustíveis fósseis por parte do governo dos EUA pode afetar a agenda brasileira em biocombustíveis e soluções energéticas baseadas na natureza.

No cenário internacional, a postura negacionista de Trump sobre as mudanças climáticas e sua postura em relação ao meio ambiente podem enfraquecer a agenda de sustentabilidade que o Brasil vinha promovendo globalmente, incluindo em fóruns como a COP30, que será sediada no Brasil em 2025.

Em resumo, o retorno de Trump à presidência dos EUA coloca o Brasil diante de desafios tanto na área econômica quanto no setor agrícola, com o agravamento das tensões geopolíticas e a intensificação de um modelo comercial protecionista que pode afetar as exportações brasileiras e a competitividade global. (Informações Globo Rural)

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