Para entender melhor esse processo, OBemdito conversou com as psicólogas Andrea Sefrian Martins, de 41 anos, e Bruna Costa, de 33, que comentaram sobre a dificuldade da sociedade em lidar abertamente com a morte, defendendo a necessidade de vê-la como um processo natural.
“A morte acontecerá em algum momento com todos nós e deveríamos encará-la como um processo normal. Porém, é muito difícil para nós, seres humanos, devido aos vínculos afetivos e ao apego. Como não temos clareza sobre o que ocorre após a morte, a angústia se instala”, afirmou Andrea.
As profissionais destacaram a importância de vivenciar o luto plenamente, ressaltando que é um processo individual e único. “O luto requer elaboração, e existem cinco estágios que a literatura nos ensina. Eles nem sempre são sequenciais, podendo variar de pessoa para pessoa”, disse Bruna.
Os Estágios do Luto
O primeiro estágio é a negação, quando o indivíduo se recusa a aceitar a perda, com a sensação de que a pessoa falecida poderá retornar a qualquer momento. A segunda fase é a raiva, marcada por sentimentos de revolta e pela busca de culpados, seja em outras pessoas, seja em si mesmo, ou até em Deus.
Nesse momento, as psicólogas recomendam que amigos e familiares sejam pacientes e ajudem o enlutado a entender que, na maioria das vezes, não há um responsável direto pela perda. “Quando a morte ocorre sem uma causa intencional, como em acidentes, surge uma grande revolta com as circunstâncias da vida”, explicou Andrea.
A terceira fase, a barganha, surge como uma tentativa de negociar com a realidade da perda, imaginando uma forma de amortecer a dor. Esse estágio requer apoio para que o enlutado entenda que tais negociações não trazem de volta a pessoa amada e que é preciso enfrentar a realidade. “A pessoa tenta negociar a realidade, como se fosse possível reverter o que sente ou até o que aconteceu”, disse Bruna.
O quarto estágio é a depressão, quando o enlutado reconhece que não há como fugir da realidade da perda, entrando em uma profunda tristeza. “A tristeza surge com a percepção de que não há como mudar o que aconteceu”, explicou Bruna.
As psicólogas ressaltam que passar por todas essas etapas é crucial para chegar ao último estágio, a aceitação, o momento em que o indivíduo reconhece a perda e começa a seguir em frente, carregando as lembranças com serenidade. “Na aceitação, o luto persiste, mas é visto com tranquilidade. A pessoa aprende a lidar com a saudade e percebe que é possível continuar apesar da ausência”, explicou Andrea.
Autocuidado e Ajuda Profissional
Bruna e Andrea destacam a importância de respeitar os próprios sentimentos, praticar o autocuidado e conversar com pessoas de confiança para facilitar o processo de elaboração do luto. “É importante observar a intensidade e a frequência da dor ao longo do tempo. Se essa dor persistir, é recomendável procurar ajuda profissional”, orientou Bruna.
Andrea enfatiza que o sofrimento faz parte do processo e alerta contra o uso de medicamentos para suprimir a dor, que desempenha um papel importante no amadurecimento do luto. “Não é recomendável recorrer a calmantes. É importante chorar e vivenciar a dor, pois o sofrimento ajuda no amadurecimento do processo de luto”.
Além disso, o apoio espiritual pode auxiliar a enfrentar a ausência e manter viva a esperança de um reencontro. “A fé conforta ao possibilitar que as pessoas se reconciliem espiritualmente com quem partiu”, explicou Andrea.
Autoconhecimento e Preparação Emocional

Segundo Bruna, a maneira como lidamos com a perda reflete nosso modo de encarar a vida. “Não é preciso esperar perder alguém para cuidar das próprias emoções. Quanto mais a pessoa conhece seus sentimentos e sua maneira de agir, mais facilidade terá para enfrentar o luto”. As psicólogas aconselham que as pessoas lidem com suas questões em relação à morte antes de enfrentarem uma perda real, pois isso ajuda a vivenciar o luto de maneira mais saudável e leve.
Andrea conclui: “Quando estamos preparados, podemos vivenciar o luto de modo mais sereno, entregando tudo o que pudermos para que a pessoa parta em paz.” Já Bruna enfatiza que o autoconhecimento pode tornar o luto menos doloroso. “O autoconhecimento não elimina a dor, mas facilita a elaboração do luto, tornando-o mais leve.”
Para quem deseja saber mais sobre o trabalho das psicólogas ou precisa de ajuda, é possível entrar em contato através dos telefones: (44) 99956-9550 para falar com Andrea e (44) 99117-3496 para conversar com Brun