Os experimentos na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande-MS, atingiram um novo marco com a avaliação das emissões de metano entérico produzidas por bovinos de corte durante a fase de terminação. Recentemente, os pesquisadores instalaram medidores, cangas e sensores nos animais, que estão sendo criados em sistemas produtivos de baixa emissão de carbono, nas condições do Cerrado sul-mato-grossense.
Os bovinos estão sendo monitorados continuamente por 24 horas, ao longo de cinco dias. Equipados com cangas e sensores posicionados nas narinas, cada arroto dos animais é capturado e armazenado para análise. O nutricionista Rodrigo Gomes, um dos responsáveis pela pesquisa, explica que mais de 95% do metano emitido pelos bovinos ocorre através do arroto, com uma pequena fração proveniente de outros processos.
Os dados coletados no campo são analisados em um laboratório de cromatografia, onde um cromatógrafo mede os componentes das amostras retiradas das cangas, incluindo a concentração de metano. “Integrando diversas metodologias de pesquisa, conseguimos determinar a quantidade de gás produzido pelo animal durante o dia em um sistema produtivo específico”, acrescenta Gomes, destacando os altos custos associados à aquisição e manutenção dos equipamentos laboratoriais.
Com três anos de pesquisa, os especialistas buscam estabelecer várias correlações, comparando bovinos em sistemas intensivos e extensivos, com e sem componentes arbóreos, além de analisar médias brasileiras em relação a sistemas sustentáveis, semiconfinamento e confinamento, entre outros parâmetros. Segundo Gomes, sistemas de baixa emissão têm o potencial de reduzir entre 15% e 30% das emissões de gases de efeito estufa, o que está sendo investigado.
“Este trabalho abrange três ciclos produtivos, da prenhez ao abate, e iremos monitorar a qualidade da carne até o final do processo. A solidez e robustez das informações obtidas serão essenciais para futuras análises. Em um contexto de mudanças climáticas e secas severas, esses dados podem oferecer uma visão mais precisa da realidade, permitindo que a pesquisa forneça melhores recomendações aos produtores rurais”, conclui.
A equipe do estudo, composta por cerca de oito profissionais, incluindo pesquisadores, técnicos e acadêmicos, também considera as necessidades dos produtores ao avaliar os animais em fase de terminação. Atualmente, a terminação intensiva (TI) é uma das tecnologias destacadas no Plano ABC+ do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que visa estimular práticas e processos de produção sustentáveis. Esta técnica foi recentemente incluída na atualização do plano do Governo Federal, ao lado do Sistema Plantio Direto Hortaliças (SPDH) e Sistemas Irrigados (SI).