A safra de cana-de-açúcar no Brasil enfrenta um momento de forte impacto financeiro e climático, com prejuízos que ultrapassam R$ 10 bilhões devido a incêndios e déficits hídricos prolongados. Os incêndios que atingiram as lavouras paulistas entre agosto e setembro causaram danos que superam em muito os R$ 6,5 bilhões em créditos emergenciais disponibilizados pelo governo federal para a recuperação das áreas afetadas, segundo o presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari.
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) destaca que a região sul do setor canavieiro brasileiro sofreu o pior déficit hídrico em 25 anos entre outubro de 2023 e setembro de 2024, comprometendo o desenvolvimento dos canaviais. Apesar desse cenário, a produtividade média da safra se manteve alinhada à média das últimas dez safras, alcançando 83,2 toneladas por hectare, ligeiramente acima da média histórica de 79,7 toneladas por hectare.
Ainda assim, a produtividade em setembro foi inferior à do ano anterior, com uma média de 69,7 toneladas por hectare, frente às 83,4 toneladas no mesmo período da safra anterior. Em contrapartida, a qualidade da matéria-prima, medida pelo índice de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), foi beneficiada pela baixa umidade, alcançando 136,7 quilos de ATR por tonelada de cana, um aumento em relação à safra passada.
Em Mato Grosso do Sul, os desafios também são evidentes. O ATR subiu 1% em setembro, de 146,5 para 147,9, porém a produtividade registrou uma queda acentuada de 20%, caindo de 81,6 para 65,5 toneladas por hectare no mesmo período. No acumulado anual, a região teve uma retração de 10% na produtividade, de 86,4 para 77,8 toneladas por hectare.
Esses números refletem um cenário crítico para o setor sucroalcooleiro brasileiro, que enfrenta desafios climáticos e econômicos intensos. O setor busca soluções para mitigar os impactos e manter a viabilidade da produção em meio às adversidades.