A China, uma das maiores economias do mundo, enfrenta desafios econômicos que podem impactar o cenário econômico de todo o país, especialmente em Mato Grosso do Sul, que considera o gigante asiático seu principal parceiro comercial. Segundo a carta de conjuntura do setor externo elaborada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), a China consome atualmente 48,36% da produção estadual.
Recentemente, dados oficiais divulgados pelo governo chinês revelaram que o país registrou um crescimento de apenas 4,7% entre abril e junho, o que representa o ritmo mais lento desde o primeiro trimestre do ano passado e está abaixo da previsão de 5,1%. Até meados da década passada, o crescimento chinês superava os 10%.
A China é a principal responsável pela demanda de produtos brasileiros, movimentando commodities como minério de ferro (de Corumbá), farelo de soja, soja (na região do planalto do estado) e proteína animal, incluindo carne bovina e outras carnes produzidas em Mato Grosso do Sul.
O consultor em comércio exterior Aldo Barrigosse explica que a desaceleração da economia chinesa, marcada pela redução do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e pela diminuição da demanda interna, pode resultar em uma diminuição nas compras dessas commodities.
“A soja, por exemplo, é crucial para a produção de ração animal na China. Qualquer desaceleração na demanda pode provocar uma queda nos preços internacionais, impactando diretamente a rentabilidade dos produtores em Mato Grosso do Sul”, alerta.
O mestre em Economia Eugênio Pavão complementa que, nas últimas décadas, a China, que costumava crescer em média 10% ao ano, agora enfrenta os desafios de seu próprio crescimento. “A queda de setores-chave, como o imobiliário, e boicotes à economia tecnológica por parte dos Estados Unidos e Europa (como no caso do TikTok e da internet 5G) têm contribuído para um processo inflacionário causado por desequilíbrios fiscal e monetário”, observa.
Pavão também destaca que a redução da demanda da China por produtos específicos gera preocupações no mercado. “Por exemplo, se cada chinês aumentar sua demanda por carne em apenas 100 gramas, isso poderia esgotar a pecuária brasileira. Portanto, qualquer redução de 100 gramas na demanda por carne, minério e soja afetará proporcionalmente a economia brasileira, especialmente a de Mato Grosso do Sul”, conclui o economista. (Informações Correio do Estado)