Uma nova técnica de restauração ecológica desenvolvida pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) promete recuperar áreas do Pantanal devastadas por incêndios, utilizando mudas de regeneração natural. O projeto conta com a parceria de povos indígenas da região, que contribuem para a revitalização do bioma.
Segundo a bióloga Letícia Koutchin, a técnica envolve o transplante de plântulas coletadas de fragmentos naturais não afetados pelas queimadas, priorizando espécies abundantes e adaptadas à região. “Essas plântulas têm maior chance de sobrevivência, por já estarem adaptadas geneticamente ao local”, explica a pesquisadora. A estratégia é viável em áreas de difícil acesso e fortemente impactadas pelo fogo.
O projeto também inclui um mapeamento de áreas prioritárias para restauração, focando em regiões onde a perda de espécies sensíveis ao fogo foi significativa. Além disso, comunidades indígenas kadiwéu, terena e kinikinau colaboram com o projeto, compartilhando conhecimentos sobre manejo de fogo e restauração ambiental.
Para áreas de produção agropecuária, uma abordagem diferente está sendo usada. Segundo Michely Tomazi, da Embrapa Agropecuária Oeste, a recuperação do solo após queimadas inclui o cultivo de plantas de crescimento rápido, como milheto e crotalária, que ajudam a reestabelecer a vegetação e preservar nutrientes.
O projeto faz parte do GEF Terrestre, uma iniciativa do governo brasileiro em parceria com o Funbio, e já beneficiou diversas comunidades indígenas no Pantanal. O objetivo é não apenas restaurar a vegetação nativa, mas também garantir a resiliência ecológica e a preservação dos serviços ambientais essenciais para a fauna e os moradores locais.