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Brasil segue sem embaixador em Israel após quatro meses e com ataques no Líbano


Reprodução/SBT News Por: Editorial | 28/09/2024 10:12

O Brasil está há quatro meses sem um embaixador em Israel, cargo que ficou vago após a saída de Frederico Meyer, confirmada oficialmente em 28 de maio. Essa ausência representa um gesto político que evidencia o atrito nas relações entre os dois países, especialmente em um contexto de intensificação das ações israelenses no Oriente Médio, que resultaram em bombardeios no Líbano, causando mais de 600 mortes, incluindo dois jovens brasileiros de 15 e 16 anos.

Especialistas alertam que a falta de um embaixador pode impactar as negociações, inclusive o processo de repatriação de brasileiros no Líbano. Dados do Itamaraty indicam que cerca de 21 mil brasileiros estão no país, e atualmente está em andamento uma consulta com aqueles interessados em retornar ao Brasil.

Maurício Santoro, cientista político, explica que a figura do embaixador é fundamental em negociações delicadas, como a repatriação. "Casos de repatriação envolvem questões políticas muito fortes e geralmente são tratados entre ministros. Porém, ter um embaixador no local é benéfico. É problemático para o Brasil estar sem um representante em Israel", afirma.

Santoro também destaca que, além da representação diplomática, a boa vontade do governo israelense é crucial. "Mais importante do que ter um embaixador é a disposição do governo israelense, e o Brasil tem perdido isso devido às tensões diplomáticas", acrescenta o especialista, colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil.

Antonio Ramalho, professor de Relações Internacionais da UnB, enfatiza que a "má vontade" do governo israelense se estende a outras nações, especialmente aquelas que abordam questões humanitárias com firmeza, como é o caso do Brasil. Rodrigo Amaral, da PUC-SP, também menciona que a dinâmica é diferente em relação à retirada de brasileiros, dado que operações na Faixa de Gaza repatriaram mais de 1.500 cidadãos brasileiros no último ano.

Amaral explica: "Gaza não é reconhecida como um estado autônomo, então as interações diplomáticas são exclusivamente com Israel. No caso do Líbano, as negociações são conduzidas pelo governo libanês, que atualmente enfrenta o desafio maior de proteger sua população."

Apesar dos impactos na diplomacia, o pesquisador observa que outras relações entre Brasil e Israel permanecem intactas. "Desde o ano passado, o Brasil ainda mantinha boas relações diplomáticas com Israel, embora estas se restrinjam a aspectos comerciais. O Brasil é, inclusive, o quarto maior exportador de petróleo para Israel."

A Saída de Frederico Meyer

A saída de Frederico Meyer foi uma resposta às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as ações de Israel em Gaza. Durante uma visita à Etiópia em fevereiro, Lula comparou as mortes de civis a um genocídio e fez uma alusão ao Holocausto. Em decorrência, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, declarou Lula "persona non grata". Katz, inclusive, levou Meyer ao Museu do Holocausto como uma forma de protesto. Após esse episódio, o diplomata foi convocado de volta ao Brasil para consultas com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e sua saída foi oficializada em maio.




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