O feminicídio de Marlene Salete Mees, de 44 anos, ocorrido na noite de segunda-feira (23) em Amambai, chocou a comunidade local e expôs mais um triste caso de violência doméstica. O autor do crime, seu marido de 51 anos, confessou à polícia que o assassinato foi motivado por sua insegurança diante da pressão financeira e da busca frustrada por emprego. O crime foi presenciado pela filha do casal, de apenas 11 anos.
Segundo o delegado Guilherme Tiago de Andrade, responsável pela investigação, o marido alegou que a pressão de Marlene para que ele conseguisse um trabalho contribuiu para o desfecho trágico. "Ele mencionou que estava passando por dificuldades financeiras e que a esposa o pressionava a conseguir um emprego, o que gerou conflitos", afirmou o delegado. Além disso, o homem relatou que a esposa teria mudado de comportamento, saindo de casa sem avisar e não dando mais satisfações.
No dia do crime, após uma discussão acalorada, o marido afirmou que Marlene teria partido para cima dele com uma faca, mas ele conseguiu desarmá-la e revidou. No entanto, essa versão não condiz com a cena encontrada pela polícia. "A última parte da história não me pareceu muito crível, nem de acordo com o cenário que encontramos no local", explicou o delegado Andrade.
O homem, que foi preso em flagrante, não alegou ter agido em legítima defesa em nenhum momento e demonstrou arrependimento durante seu depoimento, chegando a tentar tirar a própria vida após o crime. Segundo a polícia, ele não tinha histórico de violência contra Marlene, mas estava abalado pelo que descreveu como um sentimento de inutilidade crescente.
A tragédia foi ainda mais traumática para a filha do casal, que ligou para a polícia pedindo ajuda e relatou que seu padrasto havia esfaqueado sua mãe. Quando os policiais chegaram à residência, encontraram o autor sobre Marlene, tentando afundar ainda mais a faca em seu tórax. Apesar dos esforços das autoridades, Marlene não resistiu aos ferimentos e morreu antes de ser socorrida.
A cena era brutal: Marlene foi atingida por nove facadas e seu corpo estava sobre a cama, enquanto o autor, com duas perfurações no tórax e uma faca pressionada contra seu próprio abdômen, ameaçava se matar. Após tentativas de negociação, a polícia precisou disparar balas de borracha para desarmá-lo e efetuar a prisão.
As filhas de Marlene ainda não foram ouvidas pela polícia e prestarão depoimento apenas à Justiça para evitar maiores traumas neste momento delicado. O caso segue sendo investigado, enquanto a cidade de Amambai lamenta mais uma vítima de feminicídio.