Pesquisadores da Embrapa anunciaram uma nova metodologia para a avaliação da qualidade do café, tornando essa ferramenta acessível a pequenos produtores e empresários do setor. Denominada Perfil Descritivo Otimizado (PDO), essa abordagem foi adaptada especificamente para propriedades de menor porte, visando aprimorar a produção de cafés especiais.
A nova metodologia oferece uma análise mais simples e resultados mais rápidos em comparação aos métodos sensoriais tradicionais, frequentemente utilizados em provas de café por baristas e especialistas. O objetivo é facilitar a aplicação do método em fazendas, pequenos estabelecimentos comerciais, cooperativas e instituições de pesquisa, permitindo que funcionários, mesmo não especializados, participem do processo.
Treinamento e Manual Prático
O treinamento necessário para implementar o PDO é acessível. A Embrapa, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), elaborou um Manual de Análise Sensorial Descritiva de Café que detalha todas as etapas, desde o recrutamento de provadores até a preparação das amostras e consolidação das notas dos grãos avaliados.
Sônia Celestino, pesquisadora da Embrapa Cerrados, explica que “as metodologias oficiais exigem diversas instâncias de avaliação, todas realizadas por especialistas. Com essa alternativa, tornamos os testes mais simples, permitindo que qualquer pessoa com paladar e olfato apurados possa participar”.
A metodologia é voltada para atender à demanda de fazendas produtoras, cooperativas, universidades e centros de pesquisa. Embora já existam métodos similares em algumas cooperativas e comércios, geralmente são utilizados especialistas ou são aplicados em locais de maior porte e com mais recursos.
Atributos Avaliados e Benefícios
A nova metodologia analisa diversos atributos do café, como aroma, doçura, acidez e sabor, além de identificar a ausência de defeitos. A escala de 50 pontos utilizada no PDO permite classificar os cafés em categorias que vão de ruins a ótimos, facilitando a identificação de características relevantes, de acordo com as avaliações da Specialty Coffee Association (SCA).
A principal característica de um café especial é a qualidade superior percebida pelo consumidor, caracterizada por uma bebida doce, de sabor agradável e sem adstringência excessiva. A metodologia PDO tem o potencial de oferecer uma análise quantitativa dos atributos sensoriais, reduzindo o tempo e os custos associados aos testes.
Os resultados obtidos com essa nova abordagem podem contribuir para um controle de qualidade mais eficiente, auxiliar na formulação ou aperfeiçoamento de produtos e identificar novas oportunidades de mercado. A Embrapa já apresentou a metodologia à Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), destacando seu papel como um importante subsídio para a avaliação de cafés especiais.