O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os gastos trilionários das grandes potências em guerras e pediu por paz durante seu discurso na abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Lula condenou os conflitos armados em andamento no mundo, destacando as guerras entre Rússia e Ucrânia, e entre Israel e Hamas, que, segundo ele, correm o risco de se tornarem "confrontos generalizados".
“O Brasil condenou de maneira firme a invasão do território ucraniano. Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar”, afirmou Lula, reforçando a necessidade de diálogo entre os dois países. Ele mencionou a proposta de mediação Brasil-China como um caminho para um entendimento que permita o fim das hostilidades.
O presidente brasileiro também comentou sobre a situação no Oriente Médio, dizendo que a crise humanitária na Palestina está se expandindo perigosamente para o Líbano. Lula criticou a resposta de Israel ao ataque do Hamas, afirmando que o direito de defesa do país se transformou em "direito de vingança", resultando em uma punição coletiva ao povo palestino, com mais de 40 mil mortos, a maioria mulheres e crianças.
Além de destacar esses conflitos, Lula chamou a atenção para guerras menos discutidas, como no Sudão e no Iêmen, que continuam a infligir sofrimento a milhões de pessoas. O presidente lembrou que, ao redor do mundo, 300 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária.
Críticas à ONU e propostas de reforma
Lula também fez duras críticas à ONU, afirmando que a instituição falhou em enfrentar os desafios globais, especialmente durante a pandemia de covid-19. Ele lamentou que, mesmo diante de uma crise global, o mundo não conseguiu se unir em torno de um tratado para pandemias sob a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O presidente brasileiro reforçou a necessidade urgente de reformar a governança dos órgãos multilaterais, incluindo o Conselho de Segurança da ONU. Lula defendeu a inclusão de países da África e da América Latina como membros permanentes, condenando a exclusão dessas regiões como um “eco inaceitável” do passado colonial.
“A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial”, afirmou Lula, destacando que a reforma enfrentará resistências, mas é necessária para a construção de uma nova governança global.
Lula fez quatro propostas para a transformação da ONU:
- Transformar o Conselho Econômico e Social no principal fórum de desenvolvimento sustentável e combate à mudança climática.
- Revitalizar o papel da Assembleia Geral, inclusive em temas de paz e segurança internacionais.
- Fortalecer a Comissão de Consolidação da Paz.
- Reformar o Conselho de Segurança, ajustando sua composição, métodos de trabalho e direito de veto, para que seja mais eficaz e representativo.
Com essas propostas, Lula busca um sistema internacional mais inclusivo e justo, onde a vontade da maioria prevaleça sobre a manutenção do status quo das potências atuais.