A atual safra de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul está enfrentando sérias dificuldades, com uma queda de 7,9% na produtividade, conforme aponta o Boletim de Olho na Safra do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Esse resultado está diretamente relacionado a um déficit hídrico que ultrapassa mil milímetros, comprometendo severamente o desenvolvimento das plantações.
Comparando com a safra anterior (2023-2024), a média de produtividade caiu de 874 toneladas por hectare para 805 toneladas por hectare até agosto. A seca, que já era prevista, foi exacerbada por queimadas que afetaram cerca de 400 mil hectares de canaviais, especialmente nas regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e São Carlos.
As áreas atingidas precisaram ser colhidas de forma emergencial ou estão sendo preparadas para novos investimentos em tratos culturais, como adubação e herbicidas, visando a rebrota das plantas. Além da redução na produtividade, outro fator que prejudicou a safra foi o aumento do estágio médio de corte, com uma maior incidência de colheitas em canaviais mais envelhecidos, que apresentam produtividade inferior.
Embora a qualidade da matéria-prima, medida pelo índice de Açúcar Total Recuperável (ATR), tenha se mostrado estável em relação à safra anterior, houve uma queda de dois pontos percentuais na pureza do caldo da cana, reflexo direto do déficit hídrico.
Esses dados revelam um cenário desafiador para o setor canavieiro no Centro-Sul do Brasil. As queimadas e a escassez de água impõem dificuldades adicionais, levando os produtores a buscar alternativas rápidas para minimizar os impactos negativos na produção e na qualidade da safra atual e futura.
Em Mato Grosso do Sul, um dos poucos pontos positivos nesse contexto adverso é a estabilização do ATR em 1.460 quilos por tonelada. O levantamento continua em andamento, com prejuízos sendo estimados de forma qualitativa, mas já é certo que os efeitos dessa combinação de fatores climáticos e ambientais terão um impacto prolongado na cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro.