Um programa para reduzir o uso de agrotóxicos no Brasil, elaborado durante o governo Dilma Rousseff, voltou à pauta e enfrenta resistência do Ministério da Agricultura. A divergência técnica e política em relação ao Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara) levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a convocar uma reunião com ministros e representantes de diferentes setores.
Recentemente, Lula mediou um acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para revisar o veto inicial ao Pronara. Durante a reunião, ficou decidido que o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), que inclui a implementação do Pronara, será publicado em breve, estabelecendo um objetivo claro de “construir um programa de redução de uso de agrotóxicos”. O lançamento do Planapo havia sido adiado várias vezes devido a discordâncias sobre defensivos químicos.
A estratégia discutida prevê a redução do uso de agrotóxicos mais tóxicos e o aumento de investimentos em bioinsumos. Lula também se comprometeu a abrir diálogo com a bancada ruralista e enfatizou a necessidade de uma abordagem mais eficaz diante do aumento do uso de agrotóxicos no país, comparando a situação a uma “republiqueta de bananas”.
O Pronara, que nunca foi lançado oficialmente, enfrenta críticas do setor agropecuário e da indústria de defensivos químicos, que questionam a falta de “voz ativa” nas discussões. Em resposta, Paulo Petersen, da Articulação Nacional de Agroecologia, defendeu que o programa não prejudica o agronegócio, enfatizando que é possível reduzir agrotóxicos sem comprometer a produtividade.
A reativação da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO) visa revisar o Pronara e incluir diversas vozes nas discussões, após movimentos sociais terem enviado uma carta ao presidente manifestando repúdio à posição do Ministério da Agricultura. A expectativa é que a CNAPO receba uma resposta do governo em reunião agendada para discutir o tema.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o Pronara pretende alocar recursos para pesquisa visando desenvolver novos produtos que substituam agrotóxicos considerados "ultraperigosos". Ele acredita que isso poderia atender aos interesses do Ministério da Agricultura e facilitar um consenso entre as partes envolvidas. (Informações Globo Rural)