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Como a descoberta de um novo tipo sanguíneo pode revolucionar as transfusões de sangue


Descoberta de um novo tipo sanguíneo pode impactar a vida de milhares de pessoas | Freepik Por: Editorial | 18/09/2024 15:15

A descoberta de um novo tipo sanguíneo, o 47º identificado até hoje, marca um importante avanço no campo das transfusões de sangue e pode ter implicações ainda mais amplas na medicina. A pesquisa, publicada na revista Blood e conduzida por cientistas da Universidade de Bristol, revelou a existência do gene "MAL" e do antígeno AnWj, que pode ser encontrado em variantes positivas e negativas.

A ausência do antígeno AnWj foi identificada pela primeira vez nos anos 1970 em uma mulher grávida, mas as bases genéticas dessa característica permaneciam desconhecidas. Com novas tecnologias de mapeamento genético, os pesquisadores conseguiram analisar o exoma, a parte do genoma que codifica proteínas, e localizar outras pessoas que também não possuíam o antígeno, explicou Lilian Castilho, especialista em Hematologia e Hemoterapia pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).

Segundo o estudo, pacientes com o sangue AnWj-negativo podem apresentar reações adversas ao receber sangue AnWj-positivo, já que o corpo produz anticorpos contra o antígeno. Essa reação ocorre devido à exclusão de uma sequência específica de DNA no gene MAL. A descoberta resolve um enigma de mais de cinco décadas e tem o potencial de beneficiar milhares de pacientes que necessitam de transfusões de sangue.

Impactos no Diagnóstico e Tratamento de Doenças

Além de melhorar a segurança das transfusões de sangue para os cerca de 0,01% de pacientes com sangue AnWj-negativo, a descoberta também pode abrir caminho para avanços no diagnóstico e tratamento de doenças graves. A proteína produzida pelo gene MAL está envolvida na formação de mielina, uma substância essencial para o funcionamento dos neurônios, e sua ausência pode estar relacionada a doenças como esclerose múltipla e linfomas.

Lilian Castilho destaca que, com estudos adicionais e o uso de técnicas de edição genética, como o CRISPR, será possível corrigir genes disfuncionais e evitar o desenvolvimento de doenças autoimunes e até alguns tipos de câncer. "Se identificarmos que a ausência da proteína MAL está diretamente ligada ao surgimento dessas doenças, podemos abrir um caminho para prevenir esses problemas por meio de edição genética", explicou.

Esse avanço, além de solucionar um mistério genético de 50 anos, representa uma grande conquista para a medicina e reforça o potencial de novas tecnologias para o tratamento de doenças complexas.




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