UCB aposta no setor agro com foco em soluções de armazenamento de energia renovável

Com 51 anos de experiência na fabricação de baterias, a UCB, conhecida por produzir baterias para celulares e urnas eletrônicas, está voltando seu olhar para o setor agropecuário. O objetivo é atender à crescente demanda de produtores rurais que buscam gerar sua própria energia de maneira sustentável, utilizando fontes renováveis como eólica, fotovoltaica e biomassa.

Segundo o vice-presidente da UCB, Marcelo Rodrigues, há um grande potencial no setor agrícola, especialmente em propriedades off-grid, que não estão conectadas à rede elétrica e dependem de motores a diesel. "Estamos estudando o agro desde o final de 2023 e vemos um campo promissor de investimento", explica Rodrigues.

A UCB investirá R$ 380 milhões em uma nova fábrica em Extrema (MG), focada na produção de contêineres de baterias para grandes projetos de armazenamento de energia, com capacidade que varia de kilowatts (kWh) a megawatts (MWh). O armazenamento é crucial para garantir o uso eficiente da energia gerada por sistemas renováveis, que podem ser intermitentes devido às variações climáticas.

Rodrigues ressalta o papel das baterias como "pulmões" que armazenam o excesso de energia para momentos de baixa produção, trazendo benefícios tanto para propriedades desconectadas da rede elétrica (off-grid) quanto para aquelas conectadas (on-grid). No segundo caso, o uso de baterias pode ajudar a reduzir a dependência da rede, além de permitir a venda de energia excedente, criando uma fonte extra de receita.

A UCB já tem experiência nesse tipo de solução, com um projeto isolado na Amazônia voltado para a produção de óleo de andiroba. A empresa desenvolveu tecnologia de acompanhamento remoto para ajudar na manutenção de sistemas em áreas de difícil acesso.

No entanto, o uso de baterias ainda enfrenta desafios no Brasil. O engenheiro eletricista Oswaldo Santandrea Jr. aponta que, para propriedades on-grid, o investimento em baterias pode não compensar devido ao custo elevado e à baixa incidência de falhas de energia. "Ainda não atingimos o nível técnico e de custo que torne essa tecnologia viável em grande escala", avalia Oswaldo.

Apesar disso, Rodrigues defende a viabilidade das baterias de lítio da UCB, que têm uma vida útil de até dez anos. Ele acredita que o avanço tecnológico e a queda dos custos tornarão a adoção de baterias mais atraente para o setor agrícola, especialmente à medida que a sustentabilidade e a eficiência energética se tornam prioridades para os produtores rurais.