Crise climática no Pantanal aumenta resgates de animais silvestres: mais de 2,800 já foram atendidos em 2024

O Pantanal enfrenta uma grave crise climática, com todo o Mato Grosso do Sul em alerta máximo para incêndios florestais. Embora o impacto total dos focos de fogo ainda não possa ser estimado, os animais são os que mais sofrem com as consequências imediatas e de longo prazo, muitos com cicatrizes que podem nunca cicatrizar completamente.

Desde o início de 2024 até setembro, o Hospital de Animais Silvestres Ayty, gerido pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), já prestou atendimento a 2.867 animais. O número é significativamente superior à média anual de 2.500 atendimentos registrados em anos anteriores, indicando um aumento alarmante na necessidade de cuidados veterinários especializados.

Entre os atendimentos, 14,48% foram de mamíferos, como onças-pintadas e tamanduás, somando 415 animais resgatados. Muitos desses casos decorrem de incêndios, atropelamentos e invasões urbanas. Somente em 2024, pelo menos 12 animais vítimas de queimadas já foram tratados no hospital, localizado em Campo Grande.

O hospital também acolhe filhotes que ficam órfãos devido aos incêndios, conhecidos como "órfãos do fogo." Esses animais, muitas vezes feridos e separados de suas famílias, necessitam de um longo processo de reabilitação antes de serem devolvidos à natureza. Porém, para alguns, as sequelas são tão graves que não conseguem voltar ao habitat natural.

Aline Duarte, gestora do hospital, destaca que o retorno dos animais à natureza depende de vários fatores, incluindo a gravidade das lesões e sua adaptação ao tratamento. "Nem todos conseguem se recuperar plenamente para voltar ao ambiente selvagem", explica Duarte, ressaltando que os cuidados no hospital são muitas vezes a única esperança de sobrevivência para esses animais.