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Hoje é Sexta-feira, 14 de Novembro de 2025.
O renomado climatologista Carlos Nobre expressou profunda preocupação com o futuro climático do Brasil, prevendo que o bioma do Pantanal possa desaparecer antes de 2100. Nobre, que é mais pessimista que a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, adverte que o colapso de diversos biomas está ocorrendo mais rapidamente do que se esperava.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira (11), Nobre destacou que o Pantanal pode não sobreviver até 2070 se as condições climáticas e ambientais continuarem a se deteriorar. "Acho que a ministra foi otimista. O Pantanal já perdeu 30% de sua área nos últimos 30 anos e está cada vez mais seco. O fogo está devastando a vegetação, e se não mudarmos nossa abordagem em relação às emissões de gases de efeito estufa, o Pantanal não terá mais lago até 2100", afirmou o especialista.
Nobre, que é um dos pioneiros no grupo Planetary Guardians, ressalta que o aumento das temperaturas e a degradação dos biomas estão ocorrendo mais cedo do que previsto. Ele apontou que, apesar das previsões científicas para um El Niño forte em 2022 e um aumento de 1,3ºC na temperatura média, o aumento real foi de 1,5ºC. “No pior cenário, poderíamos enfrentar um aumento de 1,5ºC até 2028”, afirmou.
Sobre os incêndios, Nobre afirma que quase 97% são de origem criminosa, ao contrário dos incêndios no Canadá em 2023, que foram causados por descargas elétricas. "Os incêndios no Brasil são causados pelo homem e é necessário combatê-los com urgência. Estamos enfrentando um nível sem precedentes de eventos climáticos extremos, incluindo secas, tempestades e incêndios. Nunca vivenciamos uma crise climática tão intensa", declarou.

O climatologista criticou as medidas do governo federal, considerando-as insuficientes e atrasadas. Enquanto Marina Silva anunciou a criação de um conselho técnico-científico para apoiar a política climática, Nobre acredita que a situação exige ações mais rápidas e eficazes. “Estamos muito atrasados. É crucial acelerar a redução das emissões, zerar o desmatamento e adotar práticas de agricultura e pecuária regenerativas”, concluiu.
