Brasil deve colher menos trigo, mas preços de derivados tendem a cair

Com 10% das lavouras já colhidas, a safra brasileira de trigo para o ciclo 2024/25 deve alcançar 8,13 milhões de toneladas, tornando-se a terceira maior da história, conforme estimativas da Safras & Mercado. No entanto, esse volume é 4,3% menor em relação ao ciclo anterior e está abaixo da projeção anterior de 8,86 milhões de toneladas.

Apesar da expectativa de uma redução na produção em comparação com o ciclo anterior, os preços do trigo e de seus derivados devem recuar nos próximos meses. “A entrada das safras brasileira e argentina, juntamente com algumas quebras no mercado internacional, contribuirá para essa tendência”, afirma Elcio Bento, analista da Safras & Mercado.

O Itaú BBA também aponta que, embora o mercado global de trigo enfrente um balanço apertado, a concorrência com o milho, que também é utilizado na ração animal, deve limitar os aumentos nos preços do trigo na bolsa de Chicago, referência para o mercado.

A estimativa global para a safra 2024/25 é de um recorde de 796 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 0,9%. O consumo previsto é de 794 milhões de toneladas, 0,4% inferior ao da temporada anterior. Isso deve resultar na quinta queda consecutiva na relação estoque/consumo, que está projetada em 32,2%, o menor nível desde 2014/15.

Um fator que pode influenciar os preços é a variação cambial. Atualmente, o dólar está próximo de R$ 5,60, comparado a R$ 4,80 em agosto do ciclo 2023/24.

Se as estimativas da Safras & Mercado se confirmarem, os moinhos brasileiros terão disponíveis 5,7 milhões de toneladas de trigo, superando as 4,9 milhões de toneladas do ciclo anterior. No ciclo passado, 2,8 milhões de toneladas de trigo de baixo padrão foram exportadas. A diferença entre a colheita e a moagem é explicada pelas exportações e outros usos do produto.