Na madrugada desta sexta-feira (16), fazendeiros da região de Douradina se reuniram para um protesto conhecido como "tratoraço," manifestando-se contra as retomadas de terras realizadas por indígenas Guarani e Kaiowá na Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica. A retomada dessas áreas por povos indígenas, iniciada em junho, tem gerado crescente tensão entre as comunidades locais.
Um dos ruralistas presentes no protesto expressou a frustração dos produtores rurais: “As pessoas estão aqui ansiosas esperando por justiça nesse país. Querem transformar o produtor rural em sem-terra e colocar quem não tem terra nas propriedades dos produtores,” afirmou.
O protesto percorreu as ruas da cidade e se concentrou em frente à prefeitura de Douradina, onde os manifestantes cobraram uma posição clara das autoridades locais. No entanto, o ato terminou de forma tumultuada, com uma discussão acalorada após um produtor rural supostamente insultar os demais manifestantes.
Segundo relatos, os indígenas retomaram uma parte da Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, que já havia sido demarcada em 2011. Esse movimento tem levado a confrontos violentos, com fazendeiros supostamente utilizando armas de fogo e veículos pesados para tentar impedir o avanço dos indígenas, resultando em feridos entre os povos indígenas.
Os fazendeiros montaram um acampamento próximo às barracas dos indígenas na tentativa de conter o avanço da retomada. A presença dos tratores durante o protesto gerou apreensão, com temores de que os manifestantes pudessem tentar remover as barracas indígenas à força. Contudo, de acordo com uma liderança indígena local, não houve qualquer ação direta contra os indígenas durante o protesto.
O Ministério dos Povos Indígenas destacou que a tensão crescente na região é alimentada pela instabilidade jurídica gerada pela Lei do Marco Temporal (Lei 14.701/23) e pela PEC 48, que buscam alterar as regras de demarcação de terras indígenas. A falta de clareza nas definições territoriais tem contribuído para a escalada de violência, com os indígenas sendo os principais alvos de tais conflitos.