Quase um ano após o início da ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, em meio ao conflito com o grupo extremista Hamas, o número de mortos no enclave palestino ultrapassou 40 mil, segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde de Gaza nesta quinta-feira (15). Somente nas últimas 24 horas, 40 pessoas perderam a vida, incluindo dois recém-nascidos gêmeos, com apenas quatro dias de vida.
O relatório do ministério também estima que 92 mil pessoas foram feridas desde o início do conflito, e mais de 10 mil corpos permanecem sob escombros, que as equipes da Defesa Civil local não têm equipamentos suficientes para remover. De acordo com a UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, 63% das estruturas na Faixa de Gaza foram destruídas ou danificadas.
A UNRWA também informou que 190 instalações e escolas das Nações Unidas foram atingidas por bombardeios, resultando na morte de pelo menos 563 palestinos que estavam abrigados nesses locais, além de 1.790 feridos. O mais recente ataque a uma escola da ONU ocorreu durante o momento de prece dos muçulmanos, matando mais de 100 civis. Desde o último relatório, em 7 de agosto, o número de funcionários da ONU mortos por ataques israelenses chegou a 205.
Crise Humanitária: Falta de Água, Alimentação e Remédios
A situação humanitária na Faixa de Gaza se encontra em um estado crítico após 300 dias de bloqueio, que impede a entrada de insumos médicos, alimentos e água potável. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Health Cluster, o sistema de saúde no território está à beira do colapso, com 90 hospitais e centros de saúde primários fechados.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou sobre o agravamento da desnutrição na região, com 96% da população – cerca de 2,15 milhões de pessoas – enfrentando altos níveis de insegurança alimentar aguda e um risco iminente de fome. Os casos de desnutrição entre crianças no norte de Gaza aumentaram mais de 300% em julho, em comparação com maio.
Em seu último comunicado à imprensa, Andrea De Domenico, chefe do escritório da ONU no território palestino ocupado, destacou a necessidade urgente de ampliação das operações humanitárias. Ele descreveu a exaustão física e psicológica da população de Gaza após 300 dias de conflito, referindo-se ao território como um "cemitério de crianças". De Domenico também ressaltou que, devido às severas restrições de acesso e aos riscos de segurança, os esforços de ajuda em andamento são insuficientes para atender às enormes necessidades da população.