O MPE-MS (Ministério Público Estadual) recomendou a suspensão das atividades no Terminal Rodoviário de Campo Grande até a instalação de barreira sanitária, no prazo de 10 dias. Entre as justificativas, apontou que municípios da Grande Dourados têm “amargado o aumento substancial do número de casos confirmados” do novo coronavírus (Covid-19), situação que traz risco de colapso ao sistema de saúde da capital e da macrorregião do interior.
Assinada em 28 de maio pela promotora Filomena Aparecida Depólito Fluminhan, da 32ª Promotoria de Justiça, a recomendação é justificada pela “situação de Emergência em Saúde Pública e considerando o exponencial aumento do número diário de novos casos confirmados de COVID-19 nos municípios do interior de Mato Grosso do Sul (os quais superam em muito os números diários de infectados pelo Sars-CoV-2 registrados nesta Capital, conforme Boletim Epidemiológico SÉS expedido na data de hoje)”.
A recomendação publicada no Diário Oficial do MPE desta terça-feira (2) considerou ainda “a proximidade com o Estado de São Paulo (que se encontra em situação crítica de incidência de COVID-19) e o rotineiro ingresso de pessoas oriundas desses Municípios pelo Terminal Rodoviário de Campo Grande”, razão que justifica a medida “visando coibir a disseminação descontrolada do vírus” na capital sul-mato-grossense E indica que enquanto não estiverem implantadas com pleno funcionamento as barreiras sanitárias, sejam suspensas as atividades no Terminal Rodoviário de Campo Grande.
RISCO DE COLAPSO
Em um dos trechos dessa recomendação, é destacado que a exemplo de Campo Grande e entorno, “a macrorregião de Dourados, igualmente tem amargado o aumento substancial do número de casos confirmados não somente na cidade polo da macrorregião de Dourados (220 casos confirmados), mas em todos os demais municípios nela compreendidos (em especial, Fátima do Sul/51 casos, Douradina/29 casos, Itaporã/45 casos, Ponta Porã/20 casos)”.
Nesse cenário, segundo a promotora de Justiça, há “risco de colapso do sistema de saúde também” na Grande Dourados, “haja vista que possui estrutura hospitalar ainda mais deficitária que esta Capital (possuindo atualmente apenas 21(vinte e um) Leitos de UTI para os pacientes de COVID, para uma macrorregião que atende um total de 33 Municípios alçando o total de 821.310 habitantes”.
PACIENTES GRAVES
“Enquanto Campo Grande possui 57 Leitos de UTI para os pacientes de COVID para sua macrorregião que atende um total de 34 Municípios alçando o total de 1.502.351 habitantes ( conforme Relatório de 2019 SÉS); o que pode demandar encaminhamento de pacientes graves a Campo Grande, minorando ainda mais sua capacidade operacional”, acrescenta.
Outra questão apontada nesse documento é “o súbito aumento do número de internações decorrentes da COVID-19 em Mato Grosso do Sul, elevando-se, até 28/05/2020, para 64 internações (51 em leitos clínicos e 14 em UTI), como reflexos do aumento substancial de infectados e a consequente incidência de mais doentes graves, inclusive de ingresso de outro Estado, conforme o Boletim da SES do dia 28/5/2020”.
CONSCIÊNCIA SOCIAL
A promotora de Justiça menciona “que essa preocupante situação tem como principal fator a baixa adesão da população sulmato-grossense ao recomendado isolamento social, notadamente na macrorregião de Campo Grande, cujos índices são bem inferiores a 50% de isolamento, quando o recomendado é pelo menos 70%; assim como nos municípios da macrorregião de Dourados com maior incidência de casos confirmados”.
Ela considera que, “devido à falta de consciência social de alguns indivíduos com suspeita e até mesmo confirmação de infecção pelo Sars-CoV-2, a contaminação tem se propagado, pois tem ocorrido o descumprimento contumaz da obrigação de isolamento domiciliar; demonstrando que as recomendações das autoridades de saúde não têm sido suficientes para conscientizar e inibir a migração de pessoas contaminadas”.
Dourados News