Morre aos 87 anos em São Paulo o empresário Abílio Diniz

No domingo, 18 de fevereiro de 2024, o empresário Abílio Diniz faleceu em São Paulo aos 87 anos, devido a complicações respiratórias causadas por uma pneumonite. Junto ao seu pai, ele fundou o grupo Pão de Açúcar e liderou uma das maiores empresas de alimentos do mundo.

Após um mês de internação no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo, Abílio Diniz nos deixou. Sua partida deixa para trás cinco filhos, uma esposa, netos e bisnetos.

O velório, aberto ao público, será realizado na segunda-feira, 19 de fevereiro, das 11h às 15h, no Salão Nobre do Estádio do Morumbi, conforme comunicado emitido pela família Diniz. O enterro será reservado apenas para familiares.

Nascido em dezembro de 1936 no bairro do Paraíso, Zona Sul de São Paulo, Abílio Diniz foi o primogênito de Valentim e Floripes. Sua infância transcorreu nos arredores de uma mercearia familiar. Desde tenra idade, ele ajudou seu pai a estabelecer uma doceria, que posteriormente se transformaria no Pão de Açúcar, em homenagem ao famoso cartão-postal do Rio de Janeiro, a primeira vista que seu pai teve ao chegar ao Brasil de navio.

Graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Diniz ponderou buscar especialização nos Estados Unidos. No entanto, o chamado de seu pai o fez permanecer no Brasil, e em 1959, eles inauguraram a primeira loja do Pão de Açúcar na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, no coração de São Paulo.

Ao final da década de 1960, já contavam com mais de 60 lojas em 17 cidades.

Em 1971, Diniz introduziu o Jumbo, o primeiro hipermercado do Brasil. Cinco anos mais tarde, adquiriu a Eletroradiobraz com um empréstimo do BNDES, continuando a expandir, crescer e inovar.

Diniz foi pioneiro na implementação de supermercados em shoppings e na abertura de lojas 24 horas. Além disso, ele foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Supermercados e desempenhou papel crucial na introdução de programas de trainees no Brasil, uma estratégia para recrutar e desenvolver talentos empresariais.

Como um dos principais líderes empresariais do país, Diniz enfrentou desafios e controvérsias. Durante uma década, foi membro do Conselho Monetário Nacional.

Em 1987, em meio a uma crise econômica que afetava tanto o Pão de Açúcar quanto o país, ele vendeu a imponente sede da empresa e voltou para o prédio original.

Em 1989, experimentou outro revés quando foi sequestrado a caminho do trabalho, permanecendo uma semana nas mãos dos sequestradores, nove estrangeiros e um brasileiro. Embora a polícia tenha encontrado o cativeiro, sua libertação só ocorreu após extensas negociações.

Em 1991, o Pão de Açúcar liquidou suas dívidas e voltou a dar lucro. Diniz preparou-se para competir com os gigantes do varejo internacional no Brasil. Em 1995, a empresa abriu seu capital, permitindo que Diniz, com recursos financeiros, adquirisse supermercados menores até atrair um acionista internacional, o grupo francês Casino.

Mais tarde, ele optou por profissionalizar a gestão do grupo e retirar seus filhos da sucessão. Diversificou os negócios ao ingressar no setor de eletroeletrônicos através do varejo e, após 54 anos, deixou o grupo Pão de Açúcar em 2013.

Em suas palavras na ocasião: "Este é um dia muito importante para mim e para minha família. É o dia em que estou passando o controle do grupo Pão de Açúcar para o grupo Casino."

Posteriormente, ele liderou a BRF, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, e estabeleceu uma empresa de investimentos que adquiriu participações no Carrefour.

Sempre um entusiasta do esporte e da ousadia nos negócios, Abílio Diniz tornou-se um dos mais proeminentes empresários brasileiros, prevendo um futuro de grandeza e liderança para o país.

Em suas próprias palavras em 2016: "Este país é imenso, é poderoso, e não tenho dúvidas de que avançaremos."

A família emitiu a seguinte nota:

"É com imenso pesar que a família Diniz anuncia o falecimento de Abílio Diniz aos 87 anos, ocorrido neste domingo, 18 de fevereiro de 2024, devido a complicações respiratórias decorrentes de uma pneumonite.

O empresário deixa para trás cinco filhos, uma esposa, netos e bisnetos, agora reunindo-se com seu filho João Paulo, que nos deixou em 2022. A família expressa sua gratidão por todas as mensagens de apoio e carinho recebidas."