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Ptolomeu: entenda operação da PF que mira corrupção na cúpula do governo do Acre


Ptolomeu: entenda operação da PF que mira corrupção na cúpula do governo do Acre — Foto: Arquivo/PF-AC Por: Walter Azzolini | 30/11/2023 15:38

A operação contra corrupção e lavagem de dinheiro na cúpula do governo do Acre, intitulada "Ptolomeu", chegou à sua terceira fase nesta quinta-feira (9), com o cumprimento de 89 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal.

A ação foi iniciada em 2021 e investiga, entre outros, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP). A terceira fase da operação foi deflagrada a partir de investigações da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República, da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União. Os nomes dos alvos não foram divulgados. Em nota, o governo do Acre informou não foi solicitada ao governador a entrega de celulares e que os documentos vão ser entregues dentro do prazo solicitado pelas autoridades policiais.

Entenda abaixo o ponto de partida das investigações até a deflagração da terceira fase operação.

 

Qual ponto de partida das investigações?

 

O inquérito foi aberto pela Polícia Federal em julho de 2021 baseado em outras operações da polícia, que, segundo o relatório, mostravam a ligação do governador do Acre, Gladson Cameli, em algumas movimentações. O Relatório de Inteligência Financeira (RIF) teria apontado, a princípio, 35 comunicações de operações financeiras suspeitas e, destas, 20 possuíam Cameli como titular ou envolvido.

Entre essas movimentações estavam:

 

  • compra de cinco carros de luxo, entre eles uma BMW X4;
  • três lotes em um condomínio fechado e considerado de luxo em Rio Branco;
  • uma tentativa de comprar um apartamento no valor de mais de R$ 5 milhões.

 

 

Qual seria a participação do governador do Acre suposto esquema?

 

A investigação da PF, que desencadeou a 1ª fase da Operação Ptolomeu em dezembro de 2021, mostrou que o governador do Acre, Gladson Cameli, seria o principal beneficiário do suposto esquema de corrupção no alto escalão da gestão. A PF aponta ainda episódios de superfaturamento, propina, empresas fantasmas e movimentações bancárias com altos valores.

 

No inquérito detalhado, obtido pelo g1, a PF aponta que o esquema era dividido em núcleos compostos pelo próprio governador Gladson Cameli (Progressistas), a então primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli, servidores públicos que ocupavam cargos de confiança no governo e empreiteiras da família Cameli, que atuam no Acre e também em Manaus.

 

O que diz o governo do Acre?

 

Em nota, o governo do Acre informou nesta quinta-feira (9) que se trata de continuidade dos procedimentos policiais anteriores.

"Esclarecemos também que não foi solicitada ao governador a entrega de celulares. Os documentos serão entregues dentro do prazo solicitado pelas autoridades policiais. O governo do Estado, sempre atuando com transparência e retidão, mais uma vez se coloca à disposição das autoridades", diz a nota.

Os advogados do governador também emitiram uma nota à imprensa, dizendo que irão recorrer das medidas cautelares.

"A defesa vê com surpresa a terceira fase de um inquérito que se arrasta há dois anos. Trata-se de uma investigação baseada em uma pescaria probatória e uma devassa financeira ilegal, que atacou a família do governador como forma de driblar o foro adequado. Desde então, o governador já prestou os devidos esclarecimentos, colocou-se à disposição das autoridades e assim permanece. O governador confia na Justiça e irá cumprir todas as medidas. E respeitosamente irá recorrer das cautelares, o que inclui a descabida ordem para não falar com o próprio pai e irmãos", diz os advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto e Telson Ferreira.

 

Quais os resultados da 1ª fase da operação?

 

No dia 16 de dezembro de 2021, a PF, com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou a primeira fase da Operação Ptolomeu, e cumpriu 41 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão no Acre, Amazonas e Distrito Federal. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a operação, determinou o afastamento das funções públicas dos envolvidos.

Nessa fase foram apreendidos, segundo a PF:

 

  • Seis veículos, estimados em R$ 1,7 milhão;
  • R$ 600 mil em espécie, entre dólares, euros e reais;
  • 33 relógios e 10 joias de alto valor, totalizando mais de R$ 1 milhão, aproximadamente;
  • R$139 mil em celulares apreendidos.

 

O apartamento do governador do estado, Gladson Cameli (PP) foi um dos locais onde as buscas foram realizadas na época. Além disso, os policiais estiveram no escritório do governador; Palácio Rio Branco e Casa Civil.

Além do governador, servidores públicos do Acre e familiares do gestor em Manaus (AM) foram alvos da operação.

Governador do Acre é alvo de operação da PF

Também em 2021, Gladson Cameli afirmou que tinha a consciência "tranquila" e que a polícia estava cumprindo seu papel de apurar denúncias.

"Quem não deve, não teme. Não devo, não temo e quero que fique até o final, se tiver coisa errada vai para a rua [o servidor] e tem que prestar contas à sociedade, porque é dinheiro público", disse à época. (g1)




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