| Naviraí/MS - Sábado, 20 de Abril de 2024

Nem chuvarada freou os desmatamentos do Pantanal


Satélites registraram devastação de 25,5 mil hectares em seis meses, o que é 272% a mais que em igual período de 2022
Após cinco anos de chuvas escassas, parte da planície pantaneira voltou a ficar alagada neste ano - divulgação Governo MS Por: Walter Azzolini | 09/08/2023 18:48

Apesar das chuvas constantes e intensas ao longo de todo o primeiro semestre, inclusive em junho, o ritmo de desmatamentos no Pantanal de Mato Grosso do Sul disparou nos primeiros seis meses do ano. Dados divulgados pelo Instituto SOS Pantanal revelam que exatos 25.543,1 hectares foram suprimidos no primeiro semestre, o que representa aumento de 272% na comparação com os 9,3 ml hectares de igual período de 2022. 

Normalmente as atividades de desmatamento ocorrem no segundo semestre, em períodos de pouca chuva e de terra seca, o que facilita o trabalho das máquinas. Mas, a grande quantidade de dias chuvosos, e de abundância de água no solo parece que não atrapalhou o trabalho dos fazendeiros em busca de lucro rápido na criação de gado. 

No primeiro semestre, após cinco anos, parte das planícies pantaneiras voltaram a ser alagadas pelo transbordamento de alguns dos principais rios. Em março e abril, o Rio Miranda inundou milhares de hectares desde a cidade de Miranda até a foz. Depois disso, o Rio Paraguai, o principal da planície, também saiu do leito e atingiu pico de 4,24 metros na régua de Ladário, o que não ocorria desde 2018. 

Mas apesar das condições climáticas adversas, o ritmo dos desmatamentos foi “assustador” neste ano, conforme termo utilizado por Gustavo Figueirôa, biólogo e diretor de comunicação do SOS Pantanal.  

Os dados do instituto foram divulgados na mesma semana em que o Governo estadual informou que os desmatamentos no Pantanal de MS recuaram 12% em 2022 na comparação com o ano anterior, passando de 55.959 hectares para 49.162 hectares. 

A fonte de informações tanto do SOS Pantanal quanto do Governo do Estado é a mesma, os satélites do  MapBioma. Estes satélites registram todas as supressões de vegetação, sejam elas autorizadas ou clandestinas. E, se no primeiro semestre de 2023 o volume chegou a 25,5 mil hectares, a tendência é de que na última metade do ano a situação seja bem pior.

E exatamente por isso que, segundo Gustavo Figuerôa, “é urgente que uma nova legislação para o uso do Pantanal entre em vigor, uma que ouça todos os setores da sociedade, e que novos estudos sejam realizados, levando em conta o fator da proteção ambiental.” 

Ele é um dos que cobra a “cassação” do decreto estadual 14.273, em vigor desde outubro de 2015, que autoriza a supressão de até 60% da vegetação nativa das fazendas pantaneiras. Estudo da Embrapa aponta que este percentual deveria ficar em torno de 35%.

CORUMBÁ

E o mais grave é que estes desmatamentos não estão acontecendo apenas nas chamadas partes altas ou no entorno da planície alagável. De acordo com o SOS Pantanal, somente no município de Corumbá, que é uma espécie de coração do Pantanal, foram devastados 15.536 hectares no primeiro semestre do ano, o que representa aumento de 282% ante igual período de 2022, quando foram 4,3 mil hectares. 

Os números relativos ao período de janeiro a abril já mostravam que a situação  era grave, “e esses compilados para o semestre todo só confirmam esse cenário. O instituto SOS Pantanal segue defendendo a ampliação das fiscalizações em ações que envolvam instituições civis e oficiais, e, paralelamente, para que seja criada uma lei federal que proteja o bioma, que também sofre periodicamente com o fenômeno das queimadas”, afirma  Gustavo Figueirôa.

Gráfico: SOS Pantanal – Dados: MapBiomas  

SOS Pantanal

Fundado em 2009, o SOS Pantanal é uma instituição sem fins lucrativos, que promove a conservação e o desenvolvimento sustentável do Pantanal por meio da gestão do conhecimento e a disseminação de informações do bioma para governantes, formadores de opinião, empreendedores, fazendeiros e pequenos proprietários de terras da região, assim como para a população em geral. 

Ao longo das últimas duas décadas, o SOS Pantanal também tem diretamente impactado o ecoturismo, ao promover iniciativas de preservação e desenvolvimento sustentável. O Instituto SOS Pantanal promove o aprimoramento de políticas públicas, a divulgação de conhecimento e o desenvolvimento de projetos para o uso sustentável do bioma. Fomentamos as transformações necessárias por meio da ciência e do diálogo com os diversos setores da sociedade civil e poder público. (correiodoestado)




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