| Naviraí/MS - Sexta-Feira, 29 de Marco de 2024

Para presidente do IHP, a história do Pantanal deve ser respeitada


Rabelo reforça que nova configuração pode causar um desequilíbrio entre a produção e a preservação
Foto: Ângelo destaca que sustentabilidade pressupõe equilibrar interesses / Divulgação Por: Walter Azzolini | 09/08/2023 13:52

O decreto estadual n° 14.273, de outubro de 2015, ou seja, vigente há oito anos, permite a supressão de 60% de vegetação nativa de campo e 50% de vegetação nativa florestal. Anteriormente a isso, o regramento para o desmatamento no Pantanal seguia o que determinava o Código Florestal de 1965, uma fazenda podia desmatar até 80% do bioma. 

Segundo o Estado On Line, dados que foram apresentados, na última semana, pelo governo mostram que o Pantanal sul-mato-grossense conta com quase 85% de sua cobertura original preservada. Os números apontam que as ações lideradas pela Semadesc (Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e pelo Imasul (Instituto Ambiental do Mato Grosso do Sul), têm ajudado a manter esse indicador.

Desde 15 de agosto de 2019 a 14 de abril de 2023, o instituto autorizou intervenções na vegetação de 194 mil hectares do Pantanal sul-mato-grossense, equivalente a 2,16% da área do bioma. Diante disto, o presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), coronel Ângelo Rabelo, assegura que toda a história do Pantanal, com mais de 200 anos, precisa ser respeitada. 

“A sustentabilidade pressupõe equilibrar interesses, os interesses não podem ser da produção e do equilíbrio ambiental. Não é o interesse das ONGs, isso é um preconceito e ele é equivocado, se nós temos uma Embrapa, que produziu conhecimento e mostra quais são os limites que o ambiente suporta ser modificado, isso tem que ser respeitado”, explicou.

Rabelo garante ainda que sempre defende o produtor pantaneiro, desde que ele respeite todos os limites impostos tanto pelos homens, quando pelo próprio bioma. “Os pantaneiros falam e bradam e é legítimo de trezentos anos e isso é muito fantástico, só perdemos 15% do bioma. E o que aconteceu com essa história do passado? Ela deve ser respeitada ou desconsiderada e modificada.” 

NOTA TÉCNICA

O desmatamento no Pantanal sul-matogrossense ganhou repercussão nos últimos dias, depois que o Ministério do Meio Ambiente apresentou uma nota técnica, criticando os índices de desmatamento do bioma previsto no decreto estadual. De acordo com a pasta federal, os percentuais são “permissíveis” à destruição do Pantanal.

Para o analista em meio ambiente, Ricardo Eboli, que também é ex-secretário estadual de Meio Ambiente, o governo federal está sendo unilateral, por enxergar apenas a parte ecológica e esquecer da parte econômica, conforme material divulgado na edição da última segunda-feira (7), do jornal O Estado. “O decreto estadual não foi elaborado sem ouvir a sociedade e principalmente as instituições de pesquisa. Diferentemente dessa nota técnica e essa proposta de resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que estão vindo sem ouvir os pantaneiros, sem ouvir os técnicos do governo do Estado, sem ouvir a sociedade civil. Ela é uma coisa unilateral”, define. 

Ainda sobre o decreto estadual, na edição de ontem (8), o jornal O Estado reforça, na entrevista com o pesquisador e chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa de Gado de Corte, Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, que a legislação foi feita após diversas discussões. 

“Agora, não é justo, depois de se construir com tanto sacrifício uma proposta que é um olhar equilibrado, em que houve participação da academia de pesquisas e também da sociedade e da comunidade produtora, que são os proprietários que estão lá, convivendo, cuidando das pessoas, então se chegou a esse consenso e é importante que ele seja mantido, porque se já se parte para uma situação de alarmismo, como se isso não existisse, realmente pode-se criar um ambiente que não é favorável, não é saudável para nenhuma parte”, disse.




PORTAL DO CONESUL
NAVIRAÍ MS
CNPJ: 44.118.036/0001-40
E-MAIL: portaldoconesul@hotmail.com
Siga-nos nas redes Sociais: