| Naviraí/MS - Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024

Sapataria é resistência de profissão aprendida na infância


Aos 11 anos, Erasmo começou a trabalhar com o pai e, apesar de tentar mudar de rumo, voltou à sapataria
Erasmo retornou a trabalhar com sapataria há cerca de 15 anos. (Foto: Aletheya Alves) Por: Walter Azzolini | 09/08/2023 11:38

Quando tinha 11 anos, Erasmo Souza precisou assumir o trabalho do pai e, desde então, começou a sentir que a profissão de sapateiro sempre estaria em sua vida. Vendo o trabalho diminuir pouco a pouco, ele conta que seu desejo é resistir com a tradição familiar ao máximo. 

“Na minha família, meu pai era sapateiro, tenho tios que também são e alguns primos. Meu pai aprendeu quando era criança, eu também”, explica Erasmo. Com apenas uma portinha na Rua Joaquim Murtinho, ele relembra quando a profissão era mais reconhecida e proporcionava negócios maiores.

Inicialmente, o profissional começou a trabalhar em Terenos ao lado do pai e, quando ele faleceu, se viu cuidando da empresa praticamente sozinho. “Tentei continuar trabalhando por alguns anos, mas decidi tentar mudar. Aí fui trabalhar em fazenda, depois vim para Campo Grande”.

Na Capital, Erasmo só decidiu retomar a profissão do pai após se casar e perceber que era o melhor caminho. Ele conta que nunca esqueceu das técnicas e, por isso, voltar foi mais tranquilo do que imaginava.

Desde então, o trabalho tem sido de persistência, uma vez que não possui espaço próprio e os serviços seguem reduzindo pouco a pouco. “Depois da pandemia, o serviço diminuiu. Antes, eu trabalhava só com sapato, hoje preciso fazer mais coisas”. Além de realizar ajustes em calçados, ele explica que precisou acrescentar até reparos em lona no catálogo. De acordo com Erasmo, caso mantivesse os serviços apenas com sapatos, as contas poderiam não fechar.

Assim como o serviço mudou, ele conta que a profissão em si também vem sofrendo com a queda de interesse.

Ao contrário da prática de sua família, que envolveu ensinar a maior quantidade de pessoas sobre a profissão, ele narra que hoje os sapateiros são cada vez mais difíceis de encontrar. “Você vê que quem é novo não tem interesse. Não sei dizer bem o motivo, talvez achem que não compensa”.

Apesar das dificuldades, o profissional explica que o trabalho ainda compensa financeiramente. “Nós só fomos mudando bastante de lugar. Ficamos um bom tempo em um primeiro ponto, depois fomos para outro e por último estamos aqui. É pequeno, mas dá para trabalhar”.

Ali, na Joaquim Murtinho, a portinha quase passa despercebida, mas possui o espaço necessário para atender os clientes e realizar as manutenções. Com fé na profissão, ele completa dizendo que não se vê fazendo outra coisa, “a gente continua mesmo”. cgnews)




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